sábado, 16 de fevereiro de 2008

Sociedade dos Poetas Mortos

(Márcia Oliveira)


Hoje, saí com alguns amigos para assistir a uma sessão de cinema num Centro Cultural aqui de minha cidade, um lugar que adoro freqüentar. A sessão era gratuita e o filme, uma produção de 1989 (vencedora de um Oscar) que eu (e acho que vocês também) já havia assistido. No entanto, acho que a emoção que o filme despertou em mim da primeira vez que o vi não teve a mesma intensidade de agora.


O filme era Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society), dirigido por Peter Weir.Conta a história de um ex-aluno da escola preparatória Weltom Academy (uma escola muito conservadora, só para garotos),que se torna o novo professor de Literatura.


O novo professor, Jonh Keating, vivido pelo maravilhoso Robin Williams, chega, já em seu primeiro dia de aula, chocando a turma, numa aula inicial impressionante, onde mostra aos alunos fotos e troféus de ex-alunos da escola, os quais foram educados dentro do método tradicional e severo que a escola propõe e pergunta a eles se acham que as vidas daqueles ex-alunos valeram a pena. Ele não obtém uma resposta, mas consegue deixar seus alunos intrigados.


O objetivo do Sr. Keating é fazer com que os alunos da Weltom Academy aprendam a pensar por si mesmos.Ele acredita que devemos aprender Literatura da forma mais humana possível. Para ele, a poesia existe porque somos humanos e precisamos expressar nossa subjetividade.


Uma das cenas mais marcantes é a cena em que o Sr. Keating chega à sala de aula e pede para que um aluno leia um texto do livro sobre Poesia, escrito por um autor didático conservador. O livro ensina como compreender a poesia. Conceitua a poesia como se estivesse explicando um cálculo matemático, com gráficos e tudo mais. O Sr. Keating reproduz o gráfico no quadro e, em seguida, pede aos alunos que rasguem a página do livro. Inicialmente, todos ficam assustados e hesitam fazer isso, até que o primeiro se enche de coragem e rasga a página.Depois disso, todos os outros rasgam a página também. A cena é muito linda! Ele explica que a poesia deve ser vivida e que não há métodos para se entendê-la. "O importante não é o que o autor ou o professor pensam, mas o que você pensa sobre o texto", diz ele.
Outra cena que me arrancou lágrimas dos olhos foi a cena em que Todd Andersen, um menino inseguro, reprimido pela família e pela escola, que quase não falava, pois tinha medo de se expor em público,consegue, levado para a frente da sala pelo Sr. Keating, recitar fragmentos de poesia.A cena é conturbada e emocionante. Todd, induzido pelo professor, balbucia palavras arrancadas de seu "eu" mais profundo. Isso me levou a pensar que um certo autor que li, cujo nome não lembro agora, tinha razão em dizer que todos nós somos poetas, apenas não sabemos disso.A poesia está dentro de nós e pode se manifestar de várias formas: num texto, numa conversa, numa atitude, num gesto...enfim, todos nós somos capazes de realizar poesia, basta que não tenhamos medo de expressar nossos sentimentos.


E não preciso dizer que dentro de uma instituição de ensino conservadora, os métodos revolucionários de ensino do Sr. Keating foram bastante perseguidos.Ele marcou a vida de seus alunos ao ensinar a eles que nunca desisitissem de seus sonhos e que buscassem sempre mostrar sua verdade interior, sua subjetividade, pois só assim seriam livres...o homem só é livre nos sonhos.


O professor mais inusitado da escola passa a ser chamado, carinhosamente, pelos alunos de "capitão" (captain). Eles descobrem então que Keating, quando fora aluno da Weltom, participou de um grupo que se reunia para discutir poesia, tal grupo era chamado Sociedade dos Poetas Mortos, e resolvem resgatá-lo.


O grupo passa a se reunir, clandestinamente, todas as sextas-feiras em um esconderijo. As reuniões são livres e todos demonstram bastante interesse pela poesia, mesmo sendo ainda iniciantes. Os garotos demonstram inteligência, companheirismo e bastante sensibilidade; declamam poemas, tocam instrumentos e discutem poesia! O Sr. Keating sempre os incita a tomar coragem, leva-os para aulas ao ar livre e para fazerem exercícios físicos, pois acredita que o esporte serve para dar mais autonomia e segurança ao homem.


Com o novo professor, os meninos da Weltom Academy passam a viver mais intensamente suas emoções: amores, conflitos, sonhos...tudo é vivido com mais intensidade. O mesmo acontece com a platéia, que se emociona, ao ver a coragem dos garotos e a paixão do Sr. Keating pela profissão, pela vida e, principalmente, pela Literatura.


Foi isso que me emocionou tanto no filme:a paixão.Vivo um momento de mudanças, de sonhos a serem conquistados.Quero ser como o Sr. Keating: entrar em uma sala de aula não para ensinar os métodos didáticos tradicionais de Literatura, que não ensinam o aluno a pensar, que não despertam neles a paixão;mas para mostrar a eles o quanto a Literatura pode ser importante em suas vidas; no desenvolvimento do raciocínio crítico, na sua forma de pensar o mundo,no auto-conhecimento; no exercício da subjetividade de cada um.


O Sr. Keating, assim como outros "professores-personagens" de filmes igualmente apaixonantes (Um adorável Professor, o Sorriso de Monalisa, estes foram os que consegui lembrar), tornou-se um modelo a ser seguido para mim.

Se eu conseguir marcar a vida de meus alunos,mudar sua forma de pensar, ser um modelo para eles, assim como alguns professores da vida real foram para mim, tenho certeza de que não terei passado por este mundo em vão e de que as pessoas não são imutáveis, nem o mundo está perdido. Estarei absolutamente certa de que esta vida realmente terá valido a pena. Carpe Diem!

5 comentários:

Marília disse...

Acredita que eu nunca assisti ao filme? Abuso grande, né? :)

Amei seu post. Deu mais vontade ainda de ver.

Bjão!

Natália Araújo disse...

QUEM TEM O LINK P BAIXAR O LIVRO?

Laís Fernanda. disse...

Meu Deus como esse filme é incrível,assisti quando tinha 13 anos, 5 anos se passaram e ele continua sendo meu preferido!

Unknown disse...

O filme e muito interessante. pois nele fala de um professor que ajuda seus alunos apredam a pensar por si mesmo, viver intensamente suas emoçóes. ate um aluno que era inseguro quase não falavana perde o medo e recita fragmentos de poesia.

Marissol Siqueira disse...

Adorei esse filme, e queria baixar livro, faço a mesma pergunta que Natália.... quem tem o link?? Adoro mt esse filme!