"Não me lembro exatamente quando, pela primeira vez, conheci Fernando Pessoa. Adolescente e estudante do clássico, já ouvia alguns trechos de seus poemas como Tabacaria, Poema em Linha Reta, Autopsicografia ('O poeta é um fingidor'...) que vinham para mim como provérbios, sabedoria popular, já faziam parte da língua, e tudo aquilo me encantava. 'Mensagem' foi o primeiro livro com que tive contato, e já na faculdade. Me apaixonei.
O que mais me impressiona em Fernando Pessoa é que temos a felicidade de ver a inteligência, o caminho da razão, a lucidez, exposto em forma de poesia. Eliot é considerado o grande poeta moderno; então, diversas vezes perguntei a amigos quem eles achavam melhor, se Eliot ou Pessoa, e a pergunta sempre causou mal-estar. Eu prefiro Pessoa, ainda que adore Eliot e reconheça sua grandeza. A resposta é difícil, pois acontece que Pessoa é vários, por isso irregular. Diria assim: Eliot só tem jóia e Pessoa qualquer coisa...
O simples fato de já ter encontrado versos de Pessoa como tradição de nossa língua, necessariamente faz com que ele esteja também em mim."
(Caetano Veloso)
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